Friday, 27 January 2012

Sexo anal: desvende esse tabu e sinta prazer

Tire de vez suas dúvidas e conheça os mitos e verdade...




Muitos casais enfrentam problemas por causa do sexo anal. Ou não gostam de discutir o assunto, ou se sentem reprimidos pelo(a) parceiro(a) que insiste em praticá-lo. Muitas vezes, o resultado dessa situação é a falta de harmonia da dupla e a insatisfação de um dos lados. Por isso, é importante conhecer o sexo anal antes de tomar a decisão de fazê-lo ou não. Para que você tenha parâmetros e consiga conversar sobre o assunto com seu parceiro sem medo, trazemos as dicas do urologista, sexólogo e terapeuta sexual Celso Marzano, da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana.

1. É normal sentir dor durante o sexo anal?
A crença de que a estimulação anal, principalmente o coito, machuca ou dói é falsa. A maioria dos praticantes dessa relação não tem dor alguma. Mesmo assim, assusta e afugenta a maioria das pessoas que pensam em arriscar a novidade. No caso de dor, significa que algo está inadequado naquele momento. O ânus é uma região muito inervada e a sensibilidade pode inibir o prazer. Quando ocorre qualquer possibilidade de penetração anal (com o dedo, objeto ou pênis), acontece um espasmo (contração) dos músculos locais como se fosse uma defesa. Haverá dor se os parceiros não esperarem até que essa musculatura relaxe. Aliás, o relaxamento depende da cumplicidade, da confiança e do carinho. Só assim a penetração torna-se mais fácil.



2. O risco de infecções é maior?
Se não utilizar a técnica adequada, como o uso da camisinha e do gel lubrificante, o risco é maior. As DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) ocorrem, principalmente, através das relações sexuais sem uso de preservativo e por contato íntimo entre os genitais. Quando você apresenta qualquer sintoma, como bolinhas, coceira, verrugas, corrimentos (uretral e anal), vermelhidões, inchaço, dor abdominal, secreções, sangramentos anormais, desconforto ou queimação ao urinar ou dor intensa no ato sexual, um médico deve ser consultado imediatamente.



3. E a contaminação pela AIDS?
O reto e o ânus são órgãos com intensa irrigação sangüínea e é comum a existência de fissuras (pequenos cortes) na região. Por essa razão, o sexo anal é a fonte mais fácil de transmissão de doenças, como hepatite e AIDS. Por isso, é ainda mais importante o uso da camisinha. Para evitar ferimentos, deve-se usar também um gel lubrificante à base de água.



4. Pode-se contrair doença pelas fezes?
Sim. Por isso, após a penetração anal , nunca faça sexo vaginal em seguida! Vale para o pênis, brinquedos ou dedos, que não devem ser sugados ou penetrados, pois são contaminados com fezes ou com secreções fecais, nem sempre visíveis. Caso contrário, as conseqüências podem ser sérias, como infertilidade, pelviperitonite (infecção da região da bacia e abdômen), exigindo longos tratamentos à base de antibióticos. No caso de gravidez, há risco de aborto.



5. As partes internas do corpo sofrem com o sexo anal?
Quando há desconforto ou dor é porque alguma técnica errada está sendo utilizada. Usualmente, a prática do sexo anal deve respeitar o tamanho e a largura do objeto de prazer escolhido. Se exagerado, usado de forma contínua ou violenta, poderá com o tempo, provocar: piora de hemorróidas, fissuras por traumatismo local, incontinência de gases e secreções e a contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis.



6. Como devo conversar com meu parceiro para experimentarmos a prática?
É possível que, ao abrirem espaço para um diálogo, a mulher ou o homem se mostre indisposto para a prática. Por isso, vale lembrar e ressaltar que o “não” é uma possibilidade tão plausível quanto o “sim” e precisa ser respeitado. Amar o outro é também considerar seus limites e seu tempo para cada prática sexual apresentada na relação e na fantasia. Se a mulher não aceita praticar o sexo anal, cabe ao homem perguntar, mostrar-se interessado pelos seus motivos e ouvir com atenção e carinho, não tentando convencê-la a qualquer custo de que precisam fazer para que ele possa se sentir satisfeito. Procure entender as razões dela e, ao mesmo tempo, expondo os seus desejos, falando de suas vontades e justificando o porquê de acreditar que poderiam ao menos tentar e vice-versa.



7. É mais prazeroso do que o sexo vaginal?
Depende de cada mulher. Pode ser igual ou maior. Tive muitos relatos de mulheres que preferem o anal.



8. Como evitar gafes, como defecar, por exemplo?
Para não correr o risco de soltar detritos fecais no pênis do parceiro – sim, isso é possível - uma boa limpeza do ânus é imprescindível. Para evitar o desconforto, evacue antes, se sentir vontade, e faça em seguida a devida higiene com água e sabonete, ou simplesmente higienize o local. Caso ocorra saída de fezes ou exale o cheiro característico durante a relação, relaxe e encare o fato com naturalidade, sem vergonha.



9. Como garantir uma boa penetração ?
A anatomia do ânus tem características específicas que o diferem de outras partes do corpo. O ânus não é tão elástico quanto a vagina e nem produz uma lubrificação natural como ela. Além disso, o reto é uma estrutura não retilínea. Depois de um pequeno canal do ânus que se conecta com a abertura anal, o reto se dirige para frente do abdômen. Após poucos centímetros se curva para trás e novamente para frente. Essas curvaturas exigem uma penetração progressiva e lenta para que estas ondulações se adaptem ao pênis. A agressividade leva a traumas locais. É preciso utilizar algum gel à base de água, vendido em farmácias e supermercados, para amenizar o atrito do pênis. Cremes hidratantes e óleos à base de vegetais ou minerais não são recomendados, pois podem fazer com que o preservativo se rompa. Lubrificantes oleosos também ajudam no rompimento da camisinha porque alteram a estrutura e devem ser evitados. Os cremes ou óleos à base de vegetais ou minerais (vaselina, creme hidratante, manteiga, creme de barbear, etc.) não são adequados para lubrificar o ânus ou a camisinha. Esses produtos aquecem e fazem distender o látex do preservativo, provocando o rompimento. A saliva pode ser utilizada, mas geralmente é insuficiente em quantidade para uma boa lubrificação.



10. Quais as melhores posições para iniciar a prática e sentir menos dor?
A melhor posição sexual é aquela em que os parceiros fiquem à vontade, relaxados, com maior possibilidade de sentir prazer e que não leve a emoções negativas de medo, ansiedade e tensões musculares. A tentativa e o experimentar são válidos para descobrir a melhor maneira para que a penetração seja facilitada, sem dificuldades e sem dor. Os praticantes indicam para os principiantes ou àqueles que sentem muitos incômodos, a colher de costas (deitada com o abdômen para baixo sobre com um travesseiro, com o bumbum para cima). A mais perigosa para quem dá os primeiros passos ou se relacionam com parceiros estranhos é a posição de quatro. Nela o homem que penetra tem controle total da situação e pode não estar preocupado com a integridade física do outro.



11. Como deve ser a higiene do local antes e depois do sexo?
A higiene com água e sabonete, logo após a relação, é vital para se evitar complicações locais. O sexo anal por si só pode provocar pequenos ferimentos microscópicos na pele do ânus e região que são portas de entrada para bactérias e vírus. Geralmente não são lesões visíveis, mas existem mesmo se for usada muita lubrificação. Na hora do banho, muitas mulheres e homens exploram a região do ânus para saber se tem resíduos fecais antes da possível relação anal. Depois dessa exploração, com muito sabonete, pode-se forçar a evacuação se ainda restar fezes na ampola retal. Para os homossexuais, a prática da lavagem interna é comum e se for realizada com lubrificação e cuidados para não se ferir, tem como resultado uma boa limpeza do reto. Devido à dieta errada, estresse, constipação, diarréia ou outros problemas gastrointestinais, pode haver mais fezes ou resíduos fecais no reto. Nesses casos - muitas vezes sob orientação médica - pode-se optar pelo uso de uma limpeza mecânica do canal do reto, como o uso de enemas ou lavagens intestinais antes da relação.



12. Como o tamanho do pênis pode influenciar?
Relações anais com pênis de tamanhos maiores devem ser discutidas e avaliadas antes do ato. Na prática, a penetração deve ocorrer lentamente e com muita lubrificação. Há relatos que com pênis maiores há muito prazer sem complicações.



13. Como aumentar o estímulo do prazer?
A resposta sexual depende diretamente de suas emoções. Desta forma, para a prática de qualquer variação sexual, a resposta depende do grau de interesse, intimidade, cumplicidade e sentimento entre o casal, seja heterossexual ou homossexual. Vamos descrever passos do envolvimento e da relação anal, deixando claro que não há “receitas de bolo” ou maneiras predefinidas como corretas ou ideais. O toque é muito importante nas preliminares, mais ainda quando se pensa em praticar o sexo anal, que exige maior relaxamento e entrega entre os parceiros. Nas carícias, a boca e as mãos percorrem o corpo do parceiro explorando as zonas erógenas, proporcionando prazer e excitação.



14. É possível obter prazer anal sem penetração?
Muitos acessórios podem ser utilizados como estimuladores. Encontramos muitos deles no sex shop. A introdução de algo no reto pode ser desconfortável nas primeiras vezes, mas a pessoa se acostuma de forma relativamente fácil, se assim o desejar. Uma vez introduzido, o objeto estimula a glândula prostática, que fica ao lado da parede do canal anal no homem, ou estimula a parede vaginal, localizada ao lado desta região na mulher.



15. Sexo anal afrouxa as pregas anais ou esse é um mito?
Esse é um acontecimento raro. A anatomia da região anal mostra no ânus dois esfíncteres musculares em forma de anel que circundam o canal anal e que funcionam de forma independente. Sobre o esfíncter externo você tem controle, como os músculos da sua mão, já sobre o interno, não. O esfíncter interno é diferente, ou seja, controlado pela parte autônoma do sistema nervoso central, como os músculos do coração. Ele reflete e responde ao medo e à ansiedade durante o sexo anal. Quando ocorre uma penetração sem que o receptor esteja preparado, com os músculos dos esfíncteres contraídos, pode ocorrer trauma com ruptura de fibras musculares, gerando dor ou sangramento. Nos casos de atentado violento ao pudor pela introdução de acessórios de grosso calibre no ânus, de forma violenta, sempre há lesões de maior ou menor grau nestes esfíncteres. Se experiências traumáticas como essas forem repetitivas, ocorrerá lesão grave e permanente dos músculos levando à perda de fezes de forma involuntária.



16. Quais os outros mitos e verdades do sexo anal?
VERDADE: Orgasmo no sexo anal é possível.
Em entrevistas, muitos relatam orgasmos e com o sexo anal e com uma estimulação genital concomitante. Outros não experimentam, mas não vêem nisso uma derrota e sim, uma forma de aproximação, carinho e amor. As mulheres têm maior possibilidade do orgasmo quando praticam contrações musculares da vagina e da região pélvica que aumentam a excitação, somada ao efeito da fantasia excitante de estar sendo penetrada. Entre os homens, a estimulação da próstata e região facilita o orgasmo. A excitação aumenta também no sexo anal quando os participantes estão envolvidos em muita fantasia e imaginação. No entanto, a estimulação direta genital tem papel importante para se chegar ao clímax quando o sexo anal está sendo praticado.

VERDADE: O sexo anal é necessariamente um ato de dominação!
A dominação e a submissão fazem parte de muitos momentos eróticos e são aceitos normalmente pelos praticantes. Contudo, certas posições sexuais praticadas no sexo anal sugerem maior dominação de um lado e maior submissão do outro. Esses pensamentos negativos podem inibir o prazer, diminuir a excitação e favorecer a tensão dos músculos anais. O sexo anal deve ser evitado se é compreendido como uma expressão de poder.



MITO: O sexo anal sempre traz algum prejuízo ao corpo.
Não é verdade. A prática exige conhecimentos prévios de como faze-lo de forma adequada entre homens e mulheres de qualquer orientação sexual (heterossexuais, homossexuais, bissexuais e transexuais). Nenhum prejuízo é causado por essa variação sexual se os dois parceiros a aceitam, a conhecem e a realizam com a técnica correta, com delicadeza e preparo psicológico. A agressividade, a dor e o sangramento são raros e resultam de contusões, lesões locais, gerando ansiedade e afastamento dos parceiros.


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